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O homem sempre buscou compreender os fenômenos e os mistérios do mundo à sua volta, e essa busca constituiu-se numa longa odisseia, em que muitos se empenham, até dedicando-lhe a vida inteira.
O reconhecimento e a gratidão das gerações que os sucederam são a melhor expressão da realização do mito da imortalidade. ”


A vida de Lavoisier

Antoine Laurent Lavoisier nasceu em 26 de agosto de 1743 em Paris, e pertencia a uma família da alta nobreza francesa. Seu pai, Jean-Antoine Lavoisier, tornou-se advogado e casou-se, em 1742 com sua mãe, Emilie Punctis, filha de outro advogado Parisiense. Pouco antes do seu quinto aniversário morre sua mãe e logo depois seu querido avô materno.

Aos onze anos Lavoisier passou a frequentar o Colégio Mazarino fundado pelo cardeal que governou a França durante a menoridade de Luís XIV, onde foi apresentado as Ciências. Aos 18 anos ingressou na Faculdade de Direito, influenciado por seu pai, entretanto nunca deixou de lado o interesse que cedo demonstrara pelas Ciências, e passa a frequentar cursos livres dessas matérias, bem como currículos científicos da época. Acaba estudando Botânica, Matemática, Eletricidade, Astronomia, Mineralogia, Geologia, Química e Anatomia.

A química do tempo foi aprendida inicialmente com Laplanche durante um ano, tanto no Colégio Mazarino como, principalmente, na Companhia dos Boticários de Paris e no laboratório particular de seu professor.

Em 1765, a Academia das Ciências abriu um concurso sobre o “melhor meio de iluminar, durante a noite, as ruas de uma grande cidade”. Lavoisier se inscreveu e passou seis semanas num cômodo recoberto de preto, onde testou todo tipo de lanternas e combustíveis. Sua conclusão foi favorável ao uso do azeite de oliva. Neste momento, já estava clara uma preocupação que o acompanharia toda a vida- de que a ciência deve preocupar-se também com a aplicação e com o bem comum. Sobre seu estudo, escreveu uma memória que foi premiada com a medalha de ouro da Academia. Pouco depois, apresentou outra memória, sobre o gesso e sua hidratação, esperando ser admitido na Academia, o que não aconteceu.

De junho a novembro de 1767, acompanhou Guettard numa expedição que estabeleceria o Atlas mineralógico da França. Lavoisier foi encarregado de fazer observações meteorológicas diárias.

Dessa época em diante, a carreira de Lavoisier constaria de uma série de empreendimentos ligados ao governo, de sua atuação como financista e de seu papel como cientista destacado no panorama francês e europeu. Mas para isso, era preciso entrar para a Academia. A Academia Real das Ciências, contava com 12 acadêmicos honorários, e cerca de 50 membros, divididos entre as seções: Matemáticas (Geometria, Astronomia e Mecânica), e Ciências Físicas (Anatomia, Química e Botânica). Em 1766, o químico Pierre Joseph Macquer foi promovido ao posto de membro associado da Academia, abrindo uma vaga de membro adjunto. Lavoisier, tentou a vaga tendo em mãos a sua medalha de ouro outorgada pelo presidente da Academia, mas foi preterido na sua primeira tentativa de ingressar na Academia.

Em 1768, com a morte de sua avó materna herdou uma grande fortuna, que investiu no empreendimento que lhe traria uma grande riqueza, mas também a condenação à morte durante o Terror revolucionário. Trata-se da “Ferme Générale” ou “Fazenda Geral”. Uma sociedade privada de 60 pessoas que negociava a cada 6 anos com o governo o privilégio de cobrar certas taxas, impostos. Era uma instituição extremamente antipática entre a população, mas Lavoisier considerava a Ferme Génélare como uma entidade capaz de promover o bem-estar e o progresso do reino, estimulando e desenvolvimento técnico e científico. Em se caso particular, via a independência financeira como um meio para poder dedicar-se totalmente à Química, sem qualquer tipo de restrição financeira.

 


Em 1768, morreu um químico da Academia, abrindo uma vaga de membro adjunto na Academia. Lavoisier novamente se candidatou e logrou para obter a indicação prioritária dos acadêmicos. Como era mais novo (tinha 24 anos) que seu concorrente Jars (36 anos) , o Rei acabou nomeando o mais velho, mas criou um posto excepcional de adjunto para Lavoisier, a ser ocupado até que surgisse uma nova vaga. Com a morte de Jars, a situação de Lavoisier estava decidida.

A partir da Academia e de seu laboratório particular, Lavoisier desenvolveu uma carreira que culminaria no estabelecimento de uma nova ordem para a Química.


Em 1771, Lavoisier salva a filha do superior direto dele na Ferme Générale, de um outro casamento com um velho conde arruinado e de reputação duvidosa, ao se casar com ela.

Madame Lavoisier veio a se tornar grande colaboradora científica do marido, tomando parte efetiva em muitos de seus experimentos de laboratório e sendo a responsável pelos desenhos que ilustrariam seu Tratado Elementar de Química, todos assinados pela autora. Ademais traduzia livros e artigos dos químicos ingleses uma vez que Lavoisier não era versado nesse idioma.

Na casa ocupada pelo casal, Lavoisier instalou seu laboratório privado, onde trabalhou como químico até 1776, sem deixar suas atividades como fermier general e os afazeres na Academia, na qual a partir de 1778, passou ao alto posto de pensionista. De posse ao cargo melhorou a qualidade da pólvora francesa e acabou com uma lei que permitia ao rei o privilégio de sequestrar do celeiro de qualquer súdito o salitre, usado ao mesmo tempo como adubo e matéria-prima para a pólvora. Em 1787 elegeu-se deputado pela assembleia provincial de Orléans.

Lavoisier defendeu a liberdade de imprensa e os direitos do cidadão. Apoiou a revolução francesa (1789), tendo sido nomeado secretário do tesouro em 1791. Entretanto à medida que a revolução tomava feição das facções que disputavam o poder, seu prestígio entrou em queda agravada pela sua manifesta inclinação pela monarquia.

Foi preso e acusado de peculato, isto é, desvio de dinheiro público. Julgado e condenado culpado, foi guilhotinado na tarde de 8 de maio de 1794.

Conta-se que, no dia seguinte o grande matemático Joseph-Louis Lagrange teria afirmado: “Não necessitaram senão de um momento para fazer cair essa cabeça e cem anos não serão suficientes para reproduzir outra semelhante”.

Um ano e meio depois foi erguido um monumento em homenagem a Lavoisier.

Lavoisier revolucionou a química moderna com suas inúmeras pesquisas e suas brilhantes obras. Seu grande objetivo era lançar a química como ciência sujeita a regras e princípios racionais.

Princípio da conservação da Matéria

Em um dos seus principais experimentos, no início de sua carreira, ele pôs fim a ideia da Transmutação Elementar proposta pelo químico belga Jan Baptist van Helmont. Foi o início das ideias da conservação da matéria.

Lavoisier, então, passou estudar e refinar seus conceitos sobre a conservação e após muitos estudos ele publicou este Princípio em seu Tratado Elementar de Química. Nele estava escrito:

“… podemos estabelecer como axioma que, em todas as operações da arte e da natureza, nada se cria; uma quantidade igual de matéria existe antes e depois do experimento; a qualidade e a quantidade dos elementos permanecem precisamente as mesmas; nada ocorre além de variações e modificações na combinação dos elementos. Deste princípio depende toda a arte de executar experimentos químicos: devemos sempre supor uma igualdade exata entre os elementos do corpo examinado e aqueles dos produtos de sua análise. ”

Essa comprovação foi fundamental para que outras leis ponderais fossem criadas, mostrando as relações numéricas entre a quantidade e a massa de reagentes e produtos. Com esse princípio Lavoisier uniu a química a matemática, provando que essa ciência é exata e viabilizou as análises quantitativas.

Descoberta de novos gases

A palavra gás foi criada por Van Helmont no século XVII, a partir do vocábulo grego correspondente a caos.

Nessa época não se imaginava que existia gases diferentes do ar comum, muito menos que este fosse uma mistura de gases. Durante vários anos muito se estudou e se descobriu sobre os gases e evidencio-se a existência de diferentes gases.

Em 1772, Lavoisier começou um estudo sobre a calcinação e a partir de diversos experimentos constatou a existência do Oxigênio e do dióxido de Nitrogênio (denominado por ele mofeta).


Embora, Lavoisier não tenha sido o primeiro a produzir o oxigênio (Priestley), foi ele quem soube explicar o papel dessa substância nas reações química que se estudava na época, e a partir daí estabelecer as bases da Química moderna.

A guerra contra o flogisto

A teoria do flogisto foi desenvolvida pelo químico e médico alemão Georg Ernst Stahl entre 1703 e 1731. Stahl desenvolveu a teoria do flogisto a partir de uma adaptação da teoria de um dos seus mentores, Johann Joachim Becher. Stahl chamou de flogisto o “espírito ígneo” que desprendia nas combustões.

Embora a teoria do flogisto parecesse bem razoável, Lavoisier foi um dos primeiros a contestá-las. Foi então que iniciou experimentos bem controlados utilizando balanças de precisão, afim de provar sua ideia contrária.

Em 1785 Lvoisier escreve Reflexões sobre o Flogisto, onde discute todas as contradições advindas da teoria de Stahl e propõe sua própria teoria de combustão:

Para Stahl: metal → cal + flogisto (metal = composto)

Para Lavoisier: metal + oxigênio → cal (metal = elemento)

Lavoisier introduziu a ideia de que o oxigênio (descoberto e nomeado por ele) participava dos processos de combustão e calcinação, se ligando ao metal formando uma cal.

“É tempo de reconduzir a Química a uma maneira mais rigorosa de raciocinar, de despojar os fatos com que essa ciência se enriquece todos os dias, daquilo que o raciocínio e os preconceitos lhe acrescem; de distinguir o que é de fato e de observação, do que é sistemático e hipotético.”

A nova Nomenclatura química

No século XVIII usava-se a nomenclatura que se desejava, não possuía regras fixas e nem órgão regulador. Até 1780 havia um enorme número de nomes para cada substância.

Vendo a atual situação, Lavoisier formou uma equipe de quatro cientistas franceses (Guyton de Morveau, Berthollet, Fourcroy e ele próprio) que passou a sistematizar a nomenclatura química, lançando as bases da nomenclatura moderna de Química Orgânica. Esse trabalho foi publicado em 1787 com o título Método de nomenclatura Química.

Nesta obra estava os termos hidrogênio, oxigênio, azoto e etc. A maioria dos termos ainda são utilizados hoje em dia.

Principais obras

 



A maior parte das obras está dispersa nos vários periódicos científicos da época.

– 1787 – Método de Nomenclatura Química, trabalho com que reformulou a terminologia química, com a colaboração de Louis B. Guyton de Morveau e Antoine F. Fourcroy;

– 1789 – Tratado Elementar de Química, no qual define e apresenta sob forma lógica suas novas ideias e a primeira lista de “substâncias simples” (luz, calor, oxigênio, azoto e hidrogênio);

Os trabalhos de Lavoisier abordam temas extremamente relevantes. Eles não só criaram uma escola de pensamento químico, mas também exibem uma característica fundamental da química, a de uma ciência básica cujas descobertas têm imensa importância prática e imediata aplicação.

Esteve envolvido com a descoberta do oxigênio, colocou por terra a teoria do flogisto, fez a primeira análise quantitativa da composição da água, contribuiu para o estabelecimento da nomenclatura química. Procurou esclarecer as propriedades dos ácidos, desenvolveu técnicas calorimétricas. Realizou investigações sobre a respiração animal e humana, sobre as fermentações acéticas e alcoólica.

Em função de tudo isso é considerado o Pai da Química.

Extraído de: http://lavoisieropaidaquimica.blogspot.com/

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