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Novas pesquisas lançadas na quarta-feira (30/4) mostram que a poeira coletada em casas ao redor da Europa contém quantidades significativas de substâncias químicas perigosas, algumas ligadas, inclusive, ao câncer.

O relatório Consumindo Substâncias Químicas (“Consuming Chemicals”), do Greenpeace, revela que algumas casas são contaminadas por substâncias químicas que ficam escondidas em utensílios domésticos utilizados diariamente pelos consumidores, como tecidos, televisões, cosméticos e brinquedos.

Em uma conferência de imprensa realizada em Bruxelas, na Bélgica, a Associação Européia de Saúde Pública (EPHA), e a Organização de Consumidores Europeus (BEUC) uniram-se ao Greenpeace para pedir novas leis a fim de proteger os cidadãos dos perigos dessas substâncias químicas escondidas.

Com uma revisão da política européia para substâncias químicas prestes a acontecer, as organizações pediram que a Comissão Européia não deixe escapar a oportunidade de propor medidas severas para substituir essas substâncias perigosas por alternativas mais seguras.

“Esse relatório revela o fato de que a contaminação química generalizada está dentro de nossas próprias casas, escritórios e em nossas rotinas diárias. As pessoas suspeitam da poluição dos carros e fábricas, mas não imaginavam que seus objetos domésticos e costumeiros sejam tóxicos”, disse John Butcher, coordenador da campanha contra substâncias tóxicas no Brasil.

“Apenas quando as empresas forem obrigadas legalmente a substituir as substâncias tóxicas por alternativas mais seguras é que nós poderemos livrar nosso meio ambiente, nossas casas e nossas vidas dessas substâncias químicas que nos ameaçam”.

As amostras de poeira foram coletadas pelo Greenpeace em casas no Reino Unido, França, Espanha, Dinamarca, Suécia e Finlândia, e foram analisadas por laboratórios independentes.

As análises revelaram quantidades significativas de:

– hormônios disruptores alcalinofenóis, usados em cosméticos e outros produtos de higiene pessoal;
– ésterftalatos, que são prejudiciais ao sistema reprodutivo e são usados principalmente para tornar o PVC maleável, encontrado em brinquedos, interiores de carros e cabos.
Também é usado em perfumes e cosméticas, tintas, adesivos e vedadores;
– substâncias químicas bromadas, que interferem nos hormônios, usados como substâncias que retardam a propagação do fogo;
– parafinas cloradas, que podem causar câncer, usadas em tintas, plásticos e borrachas;
– compostos orgânicos a base de cobre, usados como estabilizadores em plásticos (especialmente em PVC) e como tratamento contra mofo e poeira (ácaros) em alguns carpetes e pisos de PVC. Essas substâncias são tóxicas para o sistema imunológico.

Os fabricantes alegam que as substâncias químicas estão incorporadas nos produtos e não representam risco. No entanto, o relatório do Greenpeace revela que isso não é verdade: as substâncias perigosas podem contaminar nossas casas, onde podemos inspirar a poeira e as substâncias químicas que ela contiver.

Nós também corremos o risco de ingerir as substâncias tóxicas ao ingerir comida contaminada ou, no caso das crianças, ao levar os brinquedos à boca. Outras substâncias podem ser absorvidas diretamente pela pele.
“Nós estamos cercados por substâncias químicas, as quais nós nem sequer sabemos que existem, mas cujos impactos em nossa saúde podem ser extremamente sérios, especialmente em longos períodos de tempo”, disse Tamsin Rose, Secretária Geral do EPHA.

A atual revisão da política européia para substâncias químicas foi iniciada pela Comissão em fevereiro de 2001, em resposta à crescente preocupação sobre a eficácia da legislação existente.
“A atual política européia para substâncias químicas permite a presença de substâncias tóxicas em alguns produtos e não em outros, mas precisamos criar uma política mais consistente”, acrescentou Stefan Craenen, assistente político da BEUC.
“Os consumidores não tem que ficar se preocupando com a segurança de um `coquetel` de substâncias químicas em produtos que vão desde rímeis a brinquedos. Substâncias químicas perigosas não devem estar em produto nenhum e o princípio da substituição deve, portanto, fazer parte na nova legislação sobre substâncias químicas”.

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